Sabe quando a campainha toca?

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019



                Sabe quando a campainha toca, mas você não quer atender? Tudo que Fernanda queria era ficar sossegada, sem ter que fazer sala para ninguém. Era domingo, e o esposo havia ido ao mercado fazer algumas compras. A campainha tocou, e Fernanda correu para câmera, para ver quem era.
                — Mas o que eles querem aqui, hein? Oito da manhã de domingo? — Esbravejou para si, enquanto pensava se atenderia ou não o casal de amigos.
                — Ah, mas vai chamar até amanhã. Não vou atender. Gente sem noção.
                O casal chamou durante longos minutos. Era do tipo insistente. Ainda mais que Henrique havia ouvido o som da TV, que Fernanda desligou rapidamente ao tocar da campainha.
                — Vamos embora meu amor, voltamos outra hora. Devem ter saído — disse Débora para seu esposo, tentando dissuadi-lo a ir embora. Mas ele não se dava por vencido.
                — Mas é claro que estão aí. Você não ouviu o barulho da TV, Débora? E logo desligou. Não querem é atender.
                — Que abusados — falou Fernanda, bem baixinho e perplexa.
Fernanda foi até a cozinha desligar a outra TV, e enquanto voltava para sala, para continuar espionando pela câmera o insistente casal, foi surpreendida pela voz de Eduardo. Ele havia chegado do mercado e já estava entrando com o casal.
                — Misericórdia. E agora? O que falo? O que faço? Bateram por tanto tempo, não sei que desculpa dar.
                Sem muito tempo para pensar, Fernanda correu e se escondeu no banheiro.
                — Como vocês estão? Tão chamando há muito tempo?
                — Bastante tempo — disse Henrique — Onde está a Fernanda?
                — Eu não sei. Provavelmente foi até a casa da mãe dela.
                Vinte minutos de conversa se passaram, Fernanda já estava entediada por ficar lá escondida, quando veio a frase assustadora de Henrique:
                — Eduardo, posso usar seu banheiro?
                — Claro!
                Fernanda apavorou-se, não sabia mais o que fazer. Pensou passar-se por desmaiada, chegou a deitar no chão do banheiro, quando ouviu o esposo dizer:
                — Henrique, quase me esqueço. Esse banheiro está com problemas. Use o de meu quarto.
                Fernanda foi salva pelo esposo, que vendo seu chinelo na porta e sua chave pendurada, supôs o que estava acontecendo. 

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