Alguns problemas do determinismo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Entre tantas teorias que nos envolvem ao longo da vida, com certeza há determinado destaque para o determinismo e o livre arbítrio.  Ambas teorias muito exploradas no meio religioso. Sobre o determinismo, segundo Calvino e Lutero, por exemplo, o destino final do homem já está predeterminado antes mesmo de ser gerado. Uma predeterminação metafísica, onde não apenas o curso da vida já está predeterminado, como também seu destino eterno.

Em uma escala menor, temos a teoria behaviorista. Com um determinismo mais limitado, o behaviorismo trata da influência do ambiente sobre nós, e a dificuldade de pensar ou agir para além daquilo que foi determinado pelo ambiente.

No caso do determinismo behaviorista, o problema é que ele almeja modificar as pessoas modificando o ambiente, o que é autocontraditório. Ao mesmo tempo que o behaviorismo afirma que somos predeterminados pelo ambiente, ele propõe o estudo de causa e efeito para poder manipular de alguma forma. Um exemplo claro do que o filosofo Olavo de Carvalho chama de Paralaxe Cognitiva. Ademais, se estamos predeterminados pelo ambiente, teria o ambiente de Skinner — propositor do behaviorismo radical — o moldado para modificar o ambiente alheio? Se ele próprio teve a capacidade de moldar o ambiente alheio, significa que o ambiente não tem toda essa potência de nos determinar como ele mesmo acreditara.

Quanto ao determinismo em sua forma integral, aquele de Calvino e Lutero, é também, em determinado aspecto, contraditório.  Se está tudo predeterminado, estão também predeterminados nossos pensamentos e nosso conhecimento. Portanto, essa suposta liberdade de levantar esse questionamento sobre livre arbítrio e determinismo, é algo que já está predeterminado. Ou seja, mediante o dogma da bondade de Deus, o determinismo desenvolvido por Calvino e Lutero é contraditório com a doutrina moral do cristianismo, por eles pregada, pois significa que Deus os enganou. Deu a eles a ilusão da liberdade e de que poderiam escolher entre o vício e a virtude, quando na verdade já está tudo predeterminado.

Em ambos os casos o determinismo se mostra, por vezes, contraditório. É possível que haja uma influência do ambiente sobre nós, mas o ambiente imediato não possui igual influência sobre todas as pessoas. As pessoas, em geral, respondem de forma diferente a ambientes iguais. O que torna o determinismo uma hipótese extremada, pois como determinismo e livre arbítrio se opõem, não é possível aderir a eles em doses homeopáticas. Aderir a um pouco de cada, é aderir a uma terceira coisa, que não é, portanto, nem livre arbítrio nem determinismo. O determinismo é, assim como o livre arbítrio, um conceito extremo que não é capaz de corresponder a realidade da condição humana.
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